Em defesa de Bush Jr.
Não
são justas as análises simplificadoras e ingênuas
da mídia que colocam o presidente George W. Bush como um monstro
ou um energúmeno sanguinário. Mesmo que seu intelecto não
seja dos mais geniais, ele não é, definitivamente, um camarada
mau nem bobo. Pelo contrário, é um cidadão patriota
que está tentando salvar os EUA da bancarrota, impedir a queda
do Império sob seu comando. Digo isto porque, ao contrário
do que se fala, o governo norte-americano está totalmente desesperado
com a ruína iminente da sua economia.
Segundo W. Clark, do jornal "Indy Time", o temor do Federal Reserve (Banco Central americano) é de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), nas suas transações internacionais, abandone o padrão dólar e adote definitivamente o euro. O Iraque fez esta mudança em novembro de 2000 - quando o euro valia cerca de US$ 0,80(hoje está a U$1,07) - e escapou ileso da depreciação do dólar frente à moeda européia (o dólar caiu 15% em relação ao euro em 2002). Esta informação, se analisada por aqueles que conhecem os problemas estruturais do sistema de Breton Woods e as atuais limitações energéticas dos norte-americanos, coloca em dúvida a hegemonia do dólar no mundo e explica a razão pela qual a administração Bush quer, desesperadamente, mais um regime servil na história da Mesopotâmia. Se o presidente norte-americano tiver sucesso, o Iraque voltará ao padrão dólar, não correndo o risco de servir de modelo alternativo para outros países dependentes como o Brasil. É por esta razão que o governo norte-americano, ao mesmo tempo, espera também vetar qualquer movimento mais vasto da Opep em direção ao euro. Por isso, essa informação é tratada quase como um segredo de Estado, pois governos dependentes como o nosso, que apostaram tudo no modelo neoliberal, iriam para o fundo do poço junto com seus chefes norte-americanos. Isso porque os países consumidores de petróleo teriam de despejar dólares das reservas dos seus bancos centrais - atualmente submetidos ao FMI- e substituí-los por euros. O dólar entraria em crash com uma desvalorização da ordem de 20% a 40% e as conseqüências, em termos de colapso da divisas e inflação maciça, podem ser imaginadas. Pense-se em algo como a crise Argentina em escala planetária, por exemplo. Na verdade, o que permeia toda essa discussão é a chamada "crise dos combustíveis fósseis". O físico e pensador Batista Vidal lembra que "as reservas de petróleo estão extremamente concentradas em poucos pontos do planeta, pois o total descoberto no mundo está situado em vinte campos supergigantes". Assim, na ótica do Primeiro Mundo, se os atuais países em desenvolvimento realmente se desenvolvessem, o Mundo teria ou que descobrir meia dúzia de campos supergigantes ou o petróleo acabaria em 10 ou 15 anos. Por isso, o sistema de poder financeiro mundial, subjugado pelo padrão dólar, está completamente desacreditado, falido. Os bancos estão caindo aos pedaços em todos os países ditos desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos e Japão. Prevê-se um colapso a qualquer momento. Agora o que sustenta isso? Devido à ocupação militar no Oriente Médio - ampliada a partir da crise do petróleo da década de 70 -, mesmo com o déficit público monstruoso dos EUA, o dólar inflacionado compra artificialmente o petróleo, base de toda a economia americana e ocidental. Portanto,
Saddam selou o seu destino quando, em fins de 2000, decidiu mudar para
o euro, posteriormente convertendo US$ 10 mil milhões de seu fundo
de reserva. A partir daquele momento, tocou no calcanhar de Aquiles do
Império e uma outra Guerra do Golfo tornava-se um imperativo para
Bush Jr.. Ou seja, o que está em jogo não é nem o
caráter texano caricato de Bush, nem uma questão de segurança
nacional norte-americana, mas a continuidade da falácia do dólar,
as manipulações com os mercados flutuantes de câmbio
e a ilusória proliferação dos ativos financeiros.
Esta informação é censurada pela imprensa norte-americana
e suas vassalas tupiniquins, bem como pela administração
Bush, pois tal verdade pode potencialmente reduzir a confiança
dos investidores e dos consumidores, diminuir os empréstimos/gastos
dos consumidores, criar pressão política para a formação
de uma nova política energética que gradualmente nos afaste
do petróleo do Oriente Médio e da órbita anglo-americana;
e faça com que projetos como o nosso Pró-Alcool mostrem
sua força. Leitura
adicional recomendada: Leia mais:
*professor de história e analista político. |